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Consumo nacional superou as expectativas em 2022

Pesquisa IPC Maps mostra um crescimento de 4,3%

Ultrapassando as expectativas iniciais do mercado, o consumo das famílias movimentou cerca de R$ 6,3 trilhões ao longo de 2022 no Brasil, representando um aumento real de 4,3% em relação a 2021, a uma taxa positiva de 2,9% do PIB. Essa é a conclusão da atualização do estudo IPC Maps 2022, especializado há quase 30 anos no cálculo de índices de potencial de consumo nacional, com base em dados oficiais.

Foto: alobrasilia.com

Segundo Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pela pesquisa, “essa alta é superior à verificada em 2021, o que demonstra que o cenário consumidor continua recuperando as perdas ocorridas em função da pandemia.”

Apesar desse clima de otimismo, o levantamento apontou como o perfil empresarial brasileiro foi afetado, com o fechamento de mais de 1,1 milhão de empresas de 2021 para 2022.

Outro destaque foi a Região Nordeste, que recuperou a vice-liderança no ranking de consumo entre as regiões brasileiras. Para Pazzini, “a volta de turistas, tanto brasileiros quanto estrangeiros à localidade, bem como a injeção pelo governo do auxílio emergencial em paralelo com outros programas sociais”, podem explicar tal vantagem em relação à economia do Sul que, após inúmeros problemas relacionados à seca, caiu para a terceira posição.

Nesse contexto, as 27 capitais, embora com perdas em relação a 2021, responderam por 29,07% do total de gastos no País; enquanto o interior manteve sua participação no consumo em 54,9% até o final do ano passado.

O trabalho evidenciou, ainda, uma nova tendência no comportamento do consumidor, que passou a gastar mais com veículo próprio em detrimento até das despesas com alimentação e bebidas no domicílio. “Como na pandemia muitas indústrias pararam de produzir, principalmente autopeças eletrônicas, as empresas tiveram de prolongar os prazos de entrega e reajustar seus valores. Enquanto isso, crescia a demanda por transportes via aplicativos e deliveries, tanto pelo consumidor — que passou a usar mais esses serviços —, quanto pelos trabalhadores — que viram nesse segmento uma oportunidade de compensar a perda do emprego ou de parte do seu salário, ou ainda, de ter uma renda extra”, avalia o diretor do IPC Maps.

Perfil básico – O Brasil possui cerca de 215 milhões de cidadãos. Destes, 182,2 milhões moram na área urbana e são responsáveis pelo consumo per capita de R$ 31.821, contra R$ 13.982 gastos individualmente pela população rural.

Base consumidora — Tradicionalmente, a classe B2 lidera o panorama econômico, representando cerca de R$ 1,3 trilhão dos gastos. Junto à B1, pertencem a 20,8% dos domicílios, assumindo 38,8% (mais de R$ 2,2 trilhões) de tudo que foi desembolsado pelas famílias brasileiras. Presentes em quase metade das residências (47,9%), C1 e C2 totalizam R$ 2,1 trilhões (36,4%) dos recursos gastos. Já o grupo D/E, que ocupa 28,8% das moradias, consumiu cerca de R$ 618,3 bilhões (10,7%). Embora em menor quantidade (apenas 2,5% das famílias), a classe A vem, cada vez mais, se distanciando socialmente dos menos favorecidos e ampliando sua movimentação para aproximadamente R$ 820 bilhões (14,1%).

Já na área rural, o montante de potencial de consumo foi de R$ 456,4 bilhões (7,3% do total) para este ano.

Cenário Regional – Com uma pequena contenção, o Sudeste continuou liderando o ranking das regiões, respondendo por 49% do consumo nacional. Como já mencionado, o Nordeste voltou a ocupar o segundo lugar no ranking das regiões, ampliando sua representatividade para 18,2%. Já, a Região Sul que, havia crescido na pandemia, regrediu para 17,9%. Assim como em 2021, o quarto lugar seguiu ocupado pelo Centro-Oeste, reduzindo sua fatia para 8,5%, e por último, veio a Região Norte, que ampliou sua atuação para 6%.

Mercados potenciais – O desempenho dos 50 maiores municípios brasileiros equivale a R$ 2,5 trilhões, ou 39,5% de tudo o que foi consumido no território nacional. De 2021 para 2022, os 12 principais mercados se mantiveram em suas posições, sendo, em ordem decrescente: São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ, Brasília/DF, Belo Horizonte/MG, Salvador/BA, Curitiba/PR, Fortaleza/CE, Porto Alegre/RS, Goiânia/GO, Manaus/AM, Campinas/SP e Recife/PE. Outras capitais, como Belém/PA (13º), Campo Grande/MS (16º) e São Luís/MA (20º) também se sobressaíram nessa seleção, bem como as seguintes cidades metropolitanas ou interioranas: Guarulhos (14º), São Bernardo do Campo (15º), Ribeirão Preto (18º) e Santo André (19º), no Estado de São Paulo; e São Gonçalo (17º) e Duque de Caxias (28º), no Rio de Janeiro.

Perfil empresarial – Em termos de quantidade de empresas, de 2021 para 2022, houve uma retenção de 5,4%, totalizando 21.127.759 unidades instaladas no Brasil. Na análise por natureza jurídica, conforme o estudo, os segmentos de Sociedades Limitadas (Ltdas.) e Anônimas (S/As) foram os que, porcentualmente, mais fecharam as portas (11,2%), seguidos por Microempreendedores Individuais (MEIs), com 7,2%. “Os altos impostos associados à proliferação de MEIs e ao baixo teto de faturamento contribuíram para o encerramento dessas atividades”, afirma Marcos Pazzini.

Já, do ponto de vista quantitativo, foram fechadas 1.199.469 empresas. Destas, 1.026.570 eram MEIs, o que comprovou a ocorrência do declínio empresarial especialmente na faixa de faturamento mais baixo.

Dentre as companhias ativas em 2022, quase metade (11,6 milhões) eram de atividades relacionadas a Serviços; seguida pelos segmentos de Comércio, com 5,4 milhões; e Indústrias, 3,4 milhões. Já Agribusiness, o único setor em crescimento, contou com mais de 764 mil estabelecimentos.

Geografia da Economia – Em relação à distribuição de empresas nacionais, a Região Sudeste seguiu despontando, concentrando 49,3% das unidades; seguida pelo Sul, com 18,1%; Nordeste com 17,4% dos estabelecimentos; Centro-Oeste com 8,9%; e o Norte com apenas 6% das unidades existentes no País.

Partindo para a análise quantitativa das empresas para cada mil habitantes, a pesquisa IPC Maps aponta novamente para uma retenção geral. As Regiões Sul e Sudeste lideraram com folga, respectivamente, 127,8 e 121,7 empresas por mil habitantes; o Centro-Oeste apareceu com 103,9 e, ainda bem abaixo da média, estavam as regiões Nordeste, com 60,3, e Norte, com apenas 51,5 empresas/mil habitantes.

Hábitos de consumo – O trabalho detalhou, ainda, as preferências dos consumidores na hora de gastar sua renda. Dessa forma, notou-se o aumento de gastos com carro próprio (11,6%), ultrapassando inclusive, os desembolsos com alimentação no domicílio e bebidas (10,5%).

Mesmo assim, os itens básicos foram prioridade, com grande vantagem sobre os demais, conforme a seguir: 25,6% dos desembolsos destinaram-se à habitação (incluindo aluguéis, impostos, luz, água e gás); 18,2% outras despesas (serviços em geral, reformas, seguros etc.); 6,6% eram medicamentos e saúde; 4,6% alimentação fora de casa; 3,8% materiais de construção; 3,4% educação e vestuário e calçados; 3,3% recreação, cultura e viagens e higiene pessoal; 1,5% transportes urbanos, móveis e artigos do lar e eletroeletrônicos; 0,5% para artigos de limpeza; 0,4% fumo; e finalmente, 0,2% referiu-se a joias, bijuterias e armarinhos.

Faixas etárias – A população de idosos continuou crescendo, chegando à margem de 32,4 milhões em 2022. Na faixa etária economicamente ativa, de 18 a 59 anos, esse índice passou de 129 milhões, o que representa 60,1% do total de brasileiros, sendo mulheres em sua maioria. Já, os jovens e adolescentes, entre 10 e 17 anos, perderam presença e somaram 23,9 milhões, sendo superados por crianças de até 9 anos, que seguiram na média de 29,4 milhões.

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