Em audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), trabalhadores do sistema prisional denunciaram a precariedade das condições de trabalho e o impacto direto na saúde mental da categoria. A reunião, promovida pela Comissão de Direitos Humanos em 7 de julho, foi motivada por relatos de sobrecarga e falta de profissionais nas unidades.
Estudo da UFMG aponta que 70% dos servidores do sistema sofrem de estresse relacionado ao trabalho. Quase metade recorre a medicamentos controlados, sendo que 85% começaram a usá-los após ingressar na carreira.
A situação reflete o quadro de superlotação: são 66 mil pessoas privadas de liberdade em Minas, conforme o Relatório de Informações Penitenciárias (Relipen). Entretanto, o número de profissionais é insuficiente: cada psiquiatra atende, em média, 1.410 presos; médicos cuidam de 385 detentos; psicólogos, de 287; e enfermeiros, de 267.
Durante a audiência, o presidente do Sindaesp-MG, José Lino Esteves, propôs investimentos em ressocialização e suporte a trabalhadores afastados por adoecimento. A deputada Bella Gonçalves (PSOL), autora do pedido da audiência, destacou o potencial do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), que permite descontar investimentos em segurança pública da dívida com a União.
Para a deputada Andréia de Jesus (PT), o sistema prisional está em colapso e exige soluções políticas baseadas em dados técnicos. A juíza Bárbara Santos Nardy reforçou a desigualdade entre os 17 mil policiais penais e menos de mil técnicos atuantes.
A coordenadora do Núcleo de Assistentes Sociais do Prisional, Luiza Cattoni Pinto, lembrou que a ressocialização só é possível com o trabalho de psicólogos, pedagogos e assistentes sociais. O governo do estado foi procurado para comentar o caso, mas não respondeu até o fechamento desta reportagem.