Profissionais palestinos da agência de notícias AFP relataram nesta terça-feira (22) que a cobertura da guerra entre Israel e Hamas tem se tornado quase impossível diante da escassez extrema de comida, água e medicamentos. Segundo eles, a fome e o cansaço físico os impedem até de realizar o trabalho básico de reportagem.
Fotógrafos, cinegrafistas e repórteres descreveram um cenário de desnutrição severa, perda de peso, dores constantes e falta de energia para caminhar até os locais dos acontecimentos. Um deles declarou: “Não temos mais forças por causa da fome”.
A situação levou a AFP a pedir oficialmente que Israel permita a saída desses profissionais e de suas famílias da Faixa de Gaza. O território, sob cerco israelense, tem acesso restrito à ajuda humanitária. Organizações internacionais, como a ONU, já acusaram Israel de usar a fome como arma de guerra – o que configuraria crime de guerra. Israel, por sua vez, culpa o Hamas por desviar e controlar o acesso à ajuda.
Os jornalistas contam que além dos riscos dos bombardeios, agora lidam com a dor da fome, a qual consideram ainda mais angustiante. Alguns relatam ter perdido dezenas de quilos, sofrido desmaios e enfrentado altos custos para manter suas famílias em segurança.
Além disso, enfrentam uma crise financeira grave, com inflação descontrolada e comissões bancárias abusivas para sacar dinheiro. Um quilo de farinha, por exemplo, pode custar até 250 reais.
Mais de 200 jornalistas morreram em Gaza desde o início do conflito, segundo a Repórteres Sem Fronteiras. Apesar da situação extrema, muitos desses profissionais seguem registrando o que acontece, mesmo que, como um deles disse, “cada imagem possa ser a última”.

