A morte do mineiro Gustavo Rodrigues Guimarães, de 29 anos, durante a prática de highline — esporte que exige equilíbrio em fitas suspensas sobre abismos ou cursos d’água — reacendeu o alerta sobre os cuidados necessários para atividades em altura. O acidente aconteceu na Cachoeira da Usina, localizada na zona rural de Alto Paraíso de Goiás, município próximo ao Distrito Federal.
Conforme o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBMGO), responsável pelo atendimento, a equipe de resgate encontrou Gustavo, conhecido pelos amigos como Gusta, já sem vida na margem do poço da cachoeira. Ele apresentava sangramento intenso na parte de trás da cabeça. Testemunhas relataram que tentaram reanimá-lo com manobras de ressuscitação cardiopulmonar, sem sucesso. O óbito foi confirmado por profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) ainda no local.
Com mais de três décadas de experiência em operações de resgate e escalada, o major Walmir Oliveira, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF), destaca pontos fundamentais para a segurança de praticantes de highline. Segundo ele, a checagem minuciosa da ancoragem — o ponto que sustenta as fitas ou cordas — é um dos aspectos mais importantes. “Recomenda-se sempre a presença de uma ancoragem secundária e o uso de equipamentos certificados, que garantam sustentação adequada”, orienta o oficial.
O major também menciona o uso de grampos de expansão, fixados em rochas como parafusos, para reforço da segurança. Além disso, alerta para a importância de avaliar as condições climáticas e evitar práticas em ambientes instáveis. “É fundamental que o praticante esteja com as capacidades físicas e emocionais em dia. Substâncias que alterem o estado psicomotor, lícitas ou ilícitas, devem ser evitadas em qualquer hipótese”, adverte.
Para garantir maior segurança, o bombeiro recomenda que a atividade seja feita sempre em grupo, com a presença de pessoas habilitadas e preparadas para prestar socorro em caso de emergência. “Conhecer os próprios limites também é essencial. Não se deve ultrapassá-los em busca de desafios além da própria capacidade técnica”, completa.
Nas redes sociais, amigos e familiares prestaram homenagens ao jovem, que foi sepultado no último domingo, em Belo Horizonte (MG). Mensagens emocionadas ressaltaram sua conexão com a natureza e sua paixão pela liberdade. “Que os ventos da Chapada te recebam em paz”, escreveu um colega, referindo-se à Chapada dos Veadeiros como um lugar “de força e beleza”, agora guardião da memória de Gustavo.
A namorada do atleta, Ana Flora Drummond, também se despediu publicamente. “Tivemos um ‘trem muito doido’. Na primeira semana, a gente estava apaixonado. Na segunda, ele estava entrando para a minha família. Na terceira, a gente estava fazendo planos de viagem. Vivemos”, escreveu.

