O Hospital das Clínicas da Unicamp, em São Paulo, implementou recentemente uma nova política institucional voltada ao atendimento de pessoas trans, travestis, intersexo e não-binárias. A proposta inclui medidas como uso do nome social, adaptação de acomodações conforme o “gênero percebido” e treinamentos contínuos das equipes hospitalares.
A iniciativa partiu após um episódio considerado internamente como “evento sentinela”, que apontou falhas no atendimento a esse público. Segundo a enfermeira Isabela Nogueira, integrante do grupo que elaborou a política, a proposta busca garantir o que é chamado de “cuidado humanizado”, mesmo reconhecendo que parte das equipes desconhecia os direitos específicos dessas pessoas.
Embora o hospital já oferecesse ambulatórios específicos para pessoas trans, a nova diretriz quer ampliar esse modelo para todos os setores, o que pode gerar questionamentos sobre prioridade de atendimento e uso de estruturas públicas. A política foi construída por um grupo interdisciplinar e contou com o apoio da diretoria de direitos humanos da Unicamp.
A iniciativa também segue outras ações recentes da universidade, como a criação de cotas específicas para transgêneros, travestis e não-binários nos processos seletivos, decisões que têm sido criticadas por parte da sociedade por promoverem divisões identitárias e não priorizarem critérios de mérito e eficiência no serviço público.
A própria equipe do hospital admite que a nova política é apenas o “primeiro passo” para abordar temas de gênero, raça e classe no cotidiano institucional, uma orientação ideológica cada vez mais presente nas universidades públicas e que levanta debate sobre o papel dessas instituições na sociedade.

