Alexander de Jesus Carlos, o “Choque”, um dos criminosos mais temidos do Rio de Janeiro e chefe do tráfico em Manguinhos pelo Comando Vermelho, foi submetido a uma cirurgia de vesícula no Hospital Samaritano, em Botafogo, um dos mais caros e sofisticados do estado. O procedimento ultrapassou R$ 24 mil e contou com quarto de alto padrão, equipado com TV, ar-condicionado automatizado, poltronas massageadoras, frigobar, enxoval e até atendimento bilíngue, realidade distante das condições do sistema prisional.
A internação foi autorizada pela Vara de Execuções Penais, sob a justificativa de falta de condições adequadas no presídio ou na rede pública, como previsto na Lei de Execução Penal. No entanto, a decisão reacende críticas sobre privilégios concedidos a criminosos de alta periculosidade, enquanto cidadãos comuns enfrentam filas e falta de atendimento no SUS.
Escoltado por policiais penais, Choque deveria permanecer apenas um dia no hospital, mas continua internado após complicações que levaram a um segundo procedimento. O juiz titular da Vara de Execuções Penais revogou a gratuidade de justiça do traficante, diante do alto custo da cirurgia e da estadia.
O Tribunal de Justiça do Rio solicitou ao hospital explicações sobre a necessidade de manter o preso internado, enquanto a Secretaria de Administração Penitenciária garante que ele retornará ao presídio assim que liberado. O Hospital Samaritano alegou estar impedido de dar detalhes por conta da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

