O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que não recuará diante das recentes sanções impostas pelos Estados Unidos, agora sob o comando de Donald Trump. Washington revogou o visto do magistrado, o incluiu na lista da Lei Magnitsky, usada para punir violadores de direitos humanos, e aplicou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, citando abusos em investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Em entrevista ao Washington Post, Moraes declarou: “Não existe a menor possibilidade de recuar nem um milímetro”. Ele afirmou que continuará com os processos, independentemente das pressões internacionais.
O jornal norte-americano o descreveu como “xerife da democracia”, exaltando sua atuação centralizadora em episódios polêmicos como a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil, as medidas contra o ex-governador do Distrito Federal após os atos de 8 de janeiro de 2023 e a imposição de prisão domiciliar a Bolsonaro, com proibição de uso de redes sociais, ação que, segundo a publicação, “silenciou uma das vozes mais conhecidas da direita global”.
A reportagem ouviu 12 pessoas próximas ao ministro. Enquanto alguns o veem como figura essencial para “proteger a democracia”, outros admitem que ele se tornou “poderoso demais”. Moraes rebateu as críticas afirmando: “O Brasil foi infectado pela doença do autoritarismo, e meu papel é aplicar a vacina”.
A matéria também resgata o início do controverso inquérito das fake news, aberto em 2019 sem pedido do Ministério Público. A iniciativa, comandada por Moraes a pedido de Dias Toffoli, rompeu com as tradições da Corte ao dar poder de investigação ao próprio Supremo.
Para o ministro, a atual crise diplomática com os EUA é resultado de “narrativas falsas” criadas por opositores, com foco em figuras como o deputado Eduardo Bolsonaro, acusado por ele de espalhar desinformação nas redes.