Uma nova leva de documentos do Twitter Files trouxe à tona que o presidente francês, Emmanuel Macron, teria estruturado um mecanismo de censura velada em 2020 para influenciar diretamente a moderação de conteúdos na rede social X/Twitter.
Segundo revelam os jornalistas franceses Pascal Clérotte e Thomas Fazi, a estratégia utilizava ONGs bancadas com recursos públicos e agências estatais para mover ações contra a plataforma, acusando-a de omissão no combate ao chamado “discurso de ódio”. O ponto central não era vencer os processos, mas desgastar a imagem da empresa e forçá-la a se curvar às pressões do governo.

E-mails obtidos pela investigação ainda mostram que Macron buscava contato direto com o então CEO do Twitter, Jack Dorsey, para discutir regras de moderação ligadas à integridade eleitoral. Ao mesmo tempo, quatro ONGs com histórico de financiamento estatal ingressavam simultaneamente com ações judiciais, todas com pautas semelhantes, levantando suspeitas de atuação coordenada.
Para Clérotte e Fazi, tratava-se de um plano deliberado de uso político da Justiça:
“Sob Macron, o Estado tentou driblar a lei ao transformar ONGs financiadas pelo próprio governo em ferramentas de pressão, impondo padrões de censura que extrapolam as obrigações legais das plataformas”, escreveram.
A revelação reforça preocupações de que, sob o pretexto de “combate ao ódio”, o governo francês estaria concentrando poder para controlar o debate público. Mais do que litígios isolados, os arquivos apontam para um projeto de ingerência estatal sobre redes sociais, com impactos na liberdade de expressão dentro e fora da França.

