Leticia Emanuele
Uma falha nos servidores da Amazon Web Services (AWS) provocou instabilidade em vários serviços da empresa nas primeiras horas desta segunda-feira (20). Usuários relataram problemas com a Alexa, o Prime Video e até com o site oficial da Amazon, segundo informações do portal Downdetector, que monitora interrupções na internet.
Enquanto a empresa trabalha para restabelecer totalmente suas plataformas e identificar as causas do problema, o incidente reacendeu uma discussão global: até que ponto o mundo está preparado para evitar um novo apagão cibernético?
A lembrança mais recente de um colapso tecnológico dessa proporção ocorreu em julho de 2024, quando uma atualização defeituosa da empresa americana de segurança cibernética CrowdStrike provocou falhas generalizadas em sistemas de diversos países. O episódio paralisou aeroportos, escritórios e até instituições públicas, demonstrando a interdependência crítica da infraestrutura digital mundial.
Em entrevista à CNN, o economista e doutor em Relações Internacionais Igor Lucena explicou que o chamado “apagão cibernético” ocorre quando a cadeia de infraestrutura digital é comprometida, o que pode envolver data centers, sistemas de energia, cabos submarinos e outros componentes que mantêm o funcionamento global da tecnologia.
Segundo o especialista, incidentes dessa natureza já provocaram paralisações em larga escala, atingindo servidores, sistemas de pagamento e computadores corporativos. Embora a tecnologia avance constantemente, a vulnerabilidade sistêmica ainda é uma realidade.
Lucena também destacou o papel da geopolítica no ciberespaço: “Algumas nações hostis já realizaram ataques contra cabos submarinos e servidores para desestabilizar estruturas críticas.” Segundo o especialista, a AWS possui uma infraestrutura que é considerada essencial inclusive pelo governo dos Estados Unidos.
Apesar dos esforços em segurança e redundância, o economista reconhece que falhas de grande magnitude podem voltar a acontecer.
O episódio mais recente mostra que os riscos sistêmicos da era digital permanecem. Especialistas defendem que apenas investimentos contínuos em infraestrutura, tecnologia e capacitação de profissionais podem reduzir as chances de novas interrupções globais
